quinta-feira, 8 de maio de 2008

Anjos e Demónios

Existem anjos? Ou só existem tontos? Porque o diabo tambem foi anjo.

5 comentários:

Alx disse...

só para ajudar, não vá o diabo tecê-las...


O DEMÓNIO E O DIABO SÃO O MESMO?
- Aclarações para uma recta compreensão,

por ARIEL ÁLVAREZ


Fala-se do «demónio» e do «diabo» indistintamente. E não se faz nenhuma distinção entre «possessão demoníaca» e «possessão diabólica». Fala-se assim como se o «diabo» e o «demónio» fossem sinónimos.. E imagina-se que ambas as palavras designam a mesma realidade: um ser pessoal, a que se atribuem poderes sobre as pessoas, capacidade para as tentar, faculdade para lhes causar enfermidades ou até possuí-las.
Contudo, nos Evangelhos não é assim. Os evangelistas empregam estes termos com muito cuidado e jamais como sinónimos. Distinguem sempre entre o mundo dos demónios e o Diabo.

O que é um demónio
Para os Evangelhos, a «possessão» é sempre «demoníaca». A pessoa está «endemonionada». Jamais se atribui a possessão ao Diabo. Não existe um só caso no NT em que se fale de «possessão diabólica».
A palavra «demónio» é de origem grega. Daimónion não é nem masculino nem femenino, mas neutro. Não se trata assim de uma pessoa mas de uma coisa. Além disso é um adjectivo substantivado. Indica assim a personificação de uma entidade abstracta. A mentalidade popular havia criado este vocábulo para designar poderes impessoais, potências espirituais ou forças maléficas, capazes de entrar nas pessoas e de lhes provocar enfermidades.

O que não se atribuía aos demónios
Nem todas as enfermidades eram atribuídas aos demónios. Se a causa era externa e, por conseguinte, patente - uma ferida, uma deformação, a deterioração visível de um orgão ou de um membro- a enfermidade não era do demónio ou dos espíritos maus. Nos Evangelhos nunca se considera «endemonionado» um leproso ou um cego. Muito menos os paralíticos, encapacitados físicos... Nunca se diz que estão «possuídos». Se não podem caminhar (Mc. 2, 1) ou mecher a mão (Mt. 12, 9) ou tinham uma deformação (Lc. 14, 1), a causa estava à vista de todos. E o mesmo quando se tratava de hemorragias (Mc. 5, 25) ou de febre que obrigava a ir para a cama (Mc. 1, 29).
Pelos Evangelhos se vê que a medicina da época de Jesus distinguia claramente entre enfermidades externas, cuja causa natural era percebida pelos sentidos, e internas, cuja causa a medicina desconhecia.

Alx disse...

Quando aparece o demónio
Mas de repente apresentava-se um homem mudo. Confirmava-se que a sua boca e a sua língua estavam em perfeitas condições. Contudo, não podia falar. Como era possível semelhante anomalia? Sá havia uma explicação: tinha um demónio. (Mt. 9, 32). Ou então aparecia um surdo mudo. Externamente era perfeitamente normal. No entanto, não falava nem ouvia (Mt. 7, 32). Explicação da época: tem um demónio (Mc. 9, 17-18).
O mesmo se passava com os epilépticos. De repente atiravam-se para o chão, espumavam-se, cerravam os dentes e por fim ficavam tesos. . Mas, como não se podia apontar nenhuma causa externa que explica-se o fenómeno, concluía-se que tinha um demónio (Mt. 17, 14-20). Mais ou menos o mesmo se passava com os casos de loucura. Externamente, o doente mental parecia completamente normal. E, no entanto, o seu comportamento era estranho e desconcertante: para se justificar tinha-se que recorrer a forças estranhas e desconhecidas -os demónios...

Explicação «demoníaca» e medicina
Vemos, assim, que as limitações nos conhecimentos médicos de então estão na raiz da atribuição aos demónios das doenças cujas causas não eram directamente perceptíveis pelos sentidos. Na linguagem corrente se supõe que uma pessoa está «possuída» quando um ser pessoal se introduz nela. a «possui» e a força a fazer coisas contra a sua vontade. Istomão o encontramos nos Evangelhos. Nestes trata-se sempre de doenças para as quais a medicina da época não tem respostas.
A prova de que os «endemonionados» dos Evangelhos eram doentes e não verdadeiros «possuídos» é-nos dada pelos próprios Evangelhos, que precisam o tipo de doença que padecia o suposto «possuído». Assim, diz-se que apresentaram a Jesus um «endemonionado mudo» (Mt. 9, 32), ou seja, um mudo. O que Jesus expulsou, «um espírito surdo mudo» (Mc. 7, 32), é afinal a cura de um surdo-mudo. Ou que, acabado de curar o endemonionado de Gerasa, este permaneceu «em seu perfeito juízo» (Mc. 5, 16) - o que indica que antes estava louco. E no caso do jovem endemonionado acompanhado pelo seu pai (Mc. 9, 14-29), não só Mateus declara que se trata de um lunático, termo médico com que então se desiganava o epiléptico, mas até todos os sintomas que refere Marcos correspondem à epilepsia.

João e Jesus «emdemonionados»?
Na linguagem da época, recebiam o nome de «endemonionados»os que actuavam estranhamente: falavam ou agiam de forma incompreensível. Os Evangelhos fazem-.se eco desta forma de falar.
Assim, do Baptista, «que não comia nem bebia», disseram que «tinha um demónio dentro» (Mt. 11, 18). Estava «endemonionado» João no sentido que hoje entendemos? Claro que não. Simplesmente queriam dizer «está louco». E quando Jesus afirma que quem fizer caso da sua mensagem não saberá o que é morrer, os judeus replicaram: «Agora etemos a certeza que tens um demónio» (Jo. 8, 52), ou seja, de que estás louco. E no Templo de Jerusálem, num tenso debate, pergunta Jesus: «Porque me querem matar?». E responderam-lhe: «Tens um demónio», isto é, «estás louco».
Que no tempo de Jesus estar «endemonionado» era sinónimo de estar «louco», mostra-o claramente o texto de Jo. 10, 20, em que, depois de Jesus falar do autêntico pastor que é, muitos diziam: «Está endemonionado e (portanto) louco». A mesma frase põe ambos os termos como sinónimos , explicando um pelo outro.
A distinção entre estes dois tipos de doenças -internas e externas-, uma atribuídas a causas naturais e outras a demónios, determina o facto de que, quando Jesus cura das primeira, no Evangelho se fale de curas e quando cura das segundas se fale de expulsão de demónios.

Alx disse...

Quem é o Diabo?
A palavra «Diabo» usa-se para uma realidade totalmente distinta. No NT aparece sempre como substantivo ou nome próprio e , geralmente, com o respectivo artigo (o «Diabo»). Trata-se de uma palavra de origem grega (diábolos), que traduz o vocábulo hebraico Satanás, que significa «o adversário», «o inimigo». Ambas as palvras têm, assim, o mesmo significado.
O plural «diabos» que usamos por vezes, é um erro. Para a Bíblia só existe um «Diabo», como existe um só «Satanás».Em nenhuma parte da Bílblia, e muito menos nos Evangelhos, se diz que alguém estivesse possuído pelo Diabo ou por Satanás. Nunca lhe são atribuídas directamente quer as doenças quer as possessões. O âmbito da sua influência não é o físico, mas o moral e o psicológico. Fica relacionado exclusivamente com o pecado. actua sempre de fora, nunca de dentro, como se supunha que faziam os demónios.
Por isso vemos o Diabo a tentar Jesus no deserto (Mt. 4, 1-11), inspirando a traição de Judas (Jo. 13, 2), semeando joio (Mt. 13, 25), arrancando a mensagem do coração (Lc. 8, 12), tentando os cristãos (Ef. 6, 11) e perseguindo-os (Apoc. 2, 1o). Aparece sempre relacionado directamente com o pecado. E por isso se afirma que «quem comete pecado é o Diabo» (1Jo. 3, 8) que é «pai da mentira» (Jo. 8, 44). Mas nunca é apresentado a provocar directamente a doença nem «possuíndo» nada.

Confusão perigosa
Podemos, pois, afirmar que na Bíblia o Diabo ou Satanás, ao aprecer sempre no singular, mo masculino e com artigo, refere-se a um ser pessoal e individual, um poder do mal único na sua espécie. Por sua vez, «demónio», ao aparecer sem artigo e no género neutro, não se refere a nada pessoal. As duas palvras não são sinónimas e não se devem considerar como equivalentes. Durante séculos a expressão bíblica «endemonionado» foi tomada lamentavelmente como equivalente de «possuído pelo Diabo», coisa que os Evangelhos jamais afirmaram.
A Bíblia atribui ao Diabo somente tentações -actos hostis a partir de fora- mas não doenças ou possessões, que destrõem a pessoa por dentro. As doenças «internas» cuja causa não era perceptível pelos sentidos, incluídos os desiquilíbrios psicológicos, explicavam-se como sendo «possessão demoníaca».
Assim se evitam alguns maus entendidos. De Maria Madalena, por exemplo, diz-se que Jesus lhe«havia expulso sete demónios» (Lc.8. 2) e não sete diabos. Tratava-se, pois, de uma pessoa muito doente enão de uma grande pecadora, como se costuma supor.

Porque é que Jesus não clarificou a questão?
Se os «possuídos» curados por Jesus eram siples doentes, porque é que Jesus não clarificou a questão? Porque é que não advertiu que os chamados «endemonionados» não tinham nenhum ser dentro de si, mas que sofriam doenças cujas causas se desconheciam? Porque é que se prestou à pantomima de importunar e expulsar os espíritos?
A missão de Jesus foi pregar o Evangelho, não ensinar medicina. Neste sentido premaneceu dentro dos limites da concepçãp judaica do seu tempo. Os presumíveis «possuídos» eram na realidade doentes. Mas, uma vez que o povo explicava aqueles transtornos e a sua cura pela linguagem de «possessão» e «exorcismo», Jesus não tinha que falar de uma forma distinta. E por isso quando lhe traziam algum doente, só se preocupava com ele, pois o seu único objectivo era mostrar o poder e a bondade de Deus, seu Pai, e não dar aulas de psiquiatria.
Hoje sabemos que aqueles «endemonionados» na realidade eram doentes com patologias internas, então desconhecidas. Mas isto não diminui o poder salvífico de Jesus, que fica claro da mesma maneira.

Existem demónios?
De acordo com os nossos conhecimentos bíblicos e científicos actuais, não é posssível continuar a falar de «possessão demoníaca». Esta era alinguagem do tempo de Jesus. Hoje a medicina conhece as causas naturais da surdo-mudez, da epilepsia, e das diversas patologias de foro psiquiátrico. Não é preciso recorrer ao demónio para as explicar. Até porque não existe base bíblica para afirmar a possibilidade das «possessões».
Podem existir doenças estranhas e fenómenos para-normais. Mas não é preciso lançar mão do velho recurso dos demónios do tempo de Jesus. Basta saber que, com o tempo, aparecerá a sua explicação, como faz já a parapsicologia com alguns fenómenos, tal como a lecvitação ou a xenoglosia.

Alx disse...

Atitude da Igreja
Hoje a Igreja continua a falar do Diabo, mas não do demónio no sentido em que falámos. Continua preocupada com as tentações. Mas abandonou a linguagem das possessões.
Em todos os documentos do Vaticano II só aparece três vezes mencionado o demónio, e sempre em passagens bíblicas. O documento de Puebla não o nomeia uma vez sequer. O novo Código de Direito Canónico, antes mais extenso, reduz o tema do exorcismo a um simples canon. E o Catecismo dedica-lhe dois números.
O mesmo ocorreu com a oração oficial da Igreja. No antigo ritual do Baptismo recitavam-se até sete exorcismos, por se considerar o Baptismo como uma batalha contra o demónio, que habitava o recém nascido. Em 1969 elaborou-se um novo ritual sem estas orações. Três anos mais tarde Paulo VI suprimiu a ordem dos exorcistas. E em 1984 João Paulo II publicou o novo Ritual Romano em que se elimina definitivamente o rito de exorcismo.
No século III a Igreja perguntou aos cientistas da época porque é que certas pessoas tinham comportamentos espantosamente estranhos. Responderam: «estão possessos». E criou o rito do exorcismo. Hoje diante da mesma questão a ciência responde : têm patologias raras, cujas causas já se conhecem, pelo menos em parte». E já suprimiu o exorcismo.
Nada se consegue introduzir pela força no interior do homem. Só existe o Diabo, ou seja, o ,mal, cuja acção se reduz, em suma, à tentação, a insinuações desviantes. Jamais o conseguirá pela força. Basta que cada um se mantenha firme para vencer o mal. E mais, ainda que nem sempre o pareça, já foi fefinitivamente vencido graças à presença de Jesus neste mundo. Ele o disse: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago!» (Lc. 10, 18).

Condensou: ENRIQUE ROSELL
Traduziu : ABÍLIO LISBOA

Alx disse...

é um prazer ter mais entradas no belogueeee do que o próprio autor...